Autor: Gustavo Kroll Guedes
Já pensou em como seria um veleiro o qual você não precisasse navegá-lo? E se eu dissesse que isso é perfeitamente possível e está acontecendo agora no mundo? Como serão essas embarcações futurísticas?
1. Introdução
A navegação a vela já foi o principal meio de transporte marítimo do mundo, atualmente é muito mais comum vê-la sendo utilizada como embarcação de esporte e recreio. Hoje já existem carros autônomos, então por que não se conectar com a natureza e apreciar os mares em um veleiro também autônomo?
A arte de velejar pode ser um grande momento de lazer. Aproveitar tudo isso sem precisar se preocupar com o governo da embarcação é um sonho próximo, estamos falando dos Veleiros Autônomos, barcos de lazer ou esporte que possam te proporcionar as mesmas sensações de um veleiro comum e muito mais.
As técnicas e materiais de construção não são a única coisa que vem tendo um grande desenvolvimento recentemente. A área de automação vem cativando os olhos de pesquisadores e estudantes da área naval, e as inovações no setor atraem interesses desde os alunos até as empresas.
Com essas inovações, alguém poderia pensar que a estética do veleiro mudaria para um visual mais “futurista”. No entanto, é possível adaptar os modelos e manter a aparência tão icônica e tradicional associada aos veleiros.
2. Classificação
Qualquer interessado em adquirir um veleiro, seja fã ou não, já deve ter pensado na questão “Monocasco ou Catamarã?”. Qual traz a melhor experiência possível para o navegante, além do melhor preço e conforto? E qual o casco ideal para o futuro da navegação a vela?
2.1 Monocasco
São veleiros com casco único, os mais comuns e tradicionais, amados e respeitados por todo bom amante da navegação a vela. Possuem uma maior manobrabilidade que o catamarã, porém tem um adernamento natural que pode não ser algo que anime iniciantes e os avessos a adrenalina.
Uma vantagem inusitada dele é justamente esse adernamento. Você pode pensar que o velejador iria preferir o conforto do catamarã, mas no monocasco pode-se perceber a intensidade do vento somente pela inclinação do barco, enquanto no catamarã é preciso estar atento sempre.
Por seus baixos custos, simplicidade do projeto, maior manobrabilidade e sua capacidade de desvirar, o monocasco é mais utilizado em projetos de veleiros autônomos, mais comumente em projetos de pequeno porte como de competições ou pesquisa.
2.2 Catamarã
É uma embarcação multicasco, possuindo 2 no total. Além de ser mais rápida que o monocasco, possui um calado menor que possibilita navegar em águas mais rasas e paradisíacas. Um grande atrativo do catamarã é que ele proporciona ao navegante um maior conforto devido a sua maior estabilidade, maior espaço interno e uma maior segurança a bordo.
Entretanto, o comprador pode se deparar com o alto preço de demanda do catamarã, que é bem superior ao do seu companheiro mais tradicional. O navegador também pode esperar pagar bem mais em uma marina, caso planeje manter seu veleiro em uma.
Como dito anteriormente, veleiros monocascos são mais comuns para serem automatizados por terem um projeto mais simples, o que não significa que um catamarã não possa ser autônomo. Sua maior estabilidade e conforto é um grande atrativo para projetos de automação de maior complexidade.
Figura 1 – Veleiro Catamarã
No fundo, a escolha entre um veleiro monocasco ou um catamarã é uma escolha de estética pessoal e de onde você pretende velejar. É interessante pensar em como esses barcos podem ser adaptados para utilizarem um sistema de navegação autônoma e quais vantagens isso poderia nos trazer.
3. O Veleiro Autônomo
A automação vem ganhando cada vez mais espaço no mercado global e em consequência disso, no mercado naval também. Ela pode ainda não ter chegado amplamente em grandes embarcações. Porém, já podemos ver vários exemplos em embarcações de pequeno porte, principalmente esportivas e de pesquisa.
Utilizando-se de Machine Learning, é programado um barco autônomo para fazer funções sem a necessidade de um piloto. As embarcações tornam-se mais seguras e eficientes, sendo imunes ao erro humano. No entanto, isso não impede que haja intervenção do piloto em sua embarcação.
Podemos ver exemplos disso atualmente em várias competições universitárias que promovem a construção de veleiros autônomos pelo mundo como a WRSC (World Robotic Sailing Championship) e a IRSR (International Robotic Sailing Regatta), sendo a equipe de competição da UFRJ, Minerva Náutica, a primeira no Brasil a ter participado da competição.
Além de competições universitárias, essas embarcações autônomas estão sendo utilizadas como barcos de pesquisa. Exemplo disso é o caso da Nav2, parte do projeto da Navocean, cujo objetivo é a coleta de dados oceânicos, podendo facilmente navegar em locais isolados e em águas rasas por todo o mundo.
No Brasil, o N-boat, desenvolvido pelo LAICA (Laboratório de Pesquisa em Informática, Comunicação e Automação) da IFRN, tem como missão o monitoramento da qualidade das águas e de coleta de dados para diversos fins, desde mudanças climáticas até pesquisas oceanográficas. O N-boat também tem como uma de suas missões monitorar as fronteiras brasileiras contra atividades que possam causar danos ambientais ao país.
Figura 2 – Veleiro Autônomo da Equipe Minerva Náutica UFRJ
4. Conclusão
É importante lembrar que todos esses desenvolvimentos tecnológicos estão acontecendo hoje, e nós temos o privilégio de estar não só presenciando, mas também participando no desenvolvimento de novas tecnologias que possam fazer do mundo um espaço melhor.
Embarcações sem pilotos não são mais algo fora do nosso alcance. É uma realidade que está chegando para revolucionar os meios de navegação. Tecnologia que era impensável 100 anos atrás, então o que podemos esperar de inovação na área naval para daqui a 100 anos?
E aí gostaram? Gostariam de ver mais conteúdo como esse? Então se liga na Liga!
Avante!