por Simone Morandini
Um abraço na Engenharia
Há vinte anos, durante um aulão de específicas do cursinho pré-vestibular, um professor de História disse que na nossa sala estavam os “humanos”. Na sala ao lado, estudando matemática, física e química, estavam os “desumanos”. Nunca esqueci isso. Desumanos?
Confesso que tive problemas quando comecei a trabalhar na POLI. Uma professora de inglês cercada de Engenheiros por todos os lados… Humanas e Exatas entraram em choque. Os discursos não batiam. Aos poucos, fui colocando minha opinião e conquistando meu espaço. A qualidade no atendimento ao aluno era meu objetivo e da Escola também, e assim as coisas foram se acertando.
Recebi o convite para trabalhar na Naval. Nessa nova realidade, mais próxima dos alunos, alguns problemas se mostraram latentes: desânimo, reprovações em série, relacionamentos difíceis com professores, solidão, cobranças de todos os lados. Vi alunos de quase dois metros de altura chorando como bebês na minha sala, gente querendo desistir e sofrendo, e tomando remédio controlado… mas vocês só têm vinte e poucos anos…
Por isso distribuo tantos abraços. O CT pode ser bem frio e a Engenharia, exata demais. E foram os meus abraços o motivo do convite para eu escrever essas linhas.
Tente lembrar da felicidade que sentiu quando fez sua matrícula. Ou, se essa não era sua primeira opção, encare sua realidade com garra e encontre felicidade nas suas vitórias. Ou então, tome coragem e mude tudo!
Sim, eu mudei de curso. Isso acontece. Se for esse o seu caminho, converse com quem você mais ama e confia. Se tudo se confirmar, tente!
Sim, eu tive professor durão na graduação. Daqueles que ninguém curte. Daqueles que fazem você querer desistir. E passei por eles. Tudo passa. Eles também! Respira fundo e vai! Tem gente que gosta de ser lembrada pelo que fez de bom e tem gente que… bom… Por outro lado, e mais importante, encontrei professores brilhantes. Você também. Inspire-se neles.
Na última colação de grau tive a felicidade de poder dizer, em poucas palavras, da minha emoção de ser homenageada mais uma vez. Naquele momento, falei algo que emocionou alguns alunos e professores presentes: pedi que meus filhos Navais sejam Engenheiros humanos. Que sejam carinhosos, atenciosos e bons ouvintes. Porque o que falta no mundo, meus filhos, é humanidade.
Contem com meus abraços. Da matrícula até a colação!