Exploração de petróleo requer redução de custo, sugere UFRJ

O governo do presidente interino Michel Temer pode acelerar discussões relevantes do setor petrolífero brasileiro, reduzindo os custos de exploração e produção no país e aumentando a atratividade dos campos brasileiros. A avaliação é do professor Edmar de Almeida, do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, que divulga hoje estudo sobre custos e competitividade da exploração e produção de petróleo no Brasil.

“Podemos ter um espaço com discussão mais qualificada e mais pragmática sobre a indústria do petróleo no Brasil. A administração anterior [da presidente afastada Dilma Rousseff] tinha um viés muito político [sobre o setor]”, afirmou Almeida. “A discussão era muito política e essa questão de custos não estava muito no radar do governo. Se o setor não for atraente, não vai haver investimento.”

De acordo com o estudo, que será lançado durante o ciclo de debates sobre petróleo e economia promovido pelo Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), as empresas e o governo brasileiro precisam adotar uma agenda estratégica para reduzir custos de exploração e produção no país, para manter a atratividade dos campos brasileiros, que competem por investimentos em nível global. “Nossa ideia é levantar esse tema para que haja atenção do governo, autoridades energéticas e empresas para essa questão do custo”, explicou Almeida.

O estudo destaca que os custos médios de investimento (capex) e de operação (opex) de projetos de exploração e produção no mundo recuaram 25% e 13,5%, respectivamente, de acordo com dados da consultoria IHS. No Brasil, em 2014, os projetos do pré-sal e de grandes áreas do pós-sal eram viáveis economicamente ao preço de US$ 55 o barril.

Segundo Almeida, até o momento, não foram divulgadas informações suficientes para que seja possível saber, com exatidão, em qual proporção os custos de exploração e produção recuaram no Brasil. Um aspecto positivo, salientou, foi a redução de 17% do custo de extração, entre 2014 e 2015, anunciado pela Petrobras. Apenas no pré-sal, a empresa conseguiu reduzir em 9% os custos de extração, alcançando o patamar de US$ 8,3 por barril.

O estudo fez uma simulação aplicando a redução média dos custos de investimento e operação global no cenário brasileiro. A conclusão foi que os projetos do pré-sal e os principais campos do pós-sal passariam a ser viáveis economicamente a US$ 45 o barril. Para Almeida, porém, para assegurar a competitividade do setor petrolífero, em um cenário de baixo preço do petróleo, seria ideal que os projetos alcançassem a viabilidade no patamar de US$ 30 o barril.

“É importante que se busque um patamar de custos seguro. Acredito que seja difícil o preço do petróleo ficar abaixo de US$ 30 por muito tempo. Mas já vimos ficar abaixo de US$ 40, US$ 45, portanto ainda não estamos em uma zona confortável. E não sabemos ainda se todos os campos do pré-sal estão nessa faixa de US$ 45”, disse.

O documento lista um conjunto de propostas para reduzir custos. Para as empresas, a principal sugestão é a padronização e integração de processos de compras. Para os governos, a ideia é flexibilizar exigências de conteúdo local e reduzir a tributação do setor. “O governo pode ajudar muito porque a maior parte dos custos é fiscal. Os impostos representam a maior parcela de custos do barril de petróleo no Brasil”, disse Almeida.

Outro estudo, da consultoria Strategy&, ligada a PricewaterhouseCoopers (PwC), indica que as petroleiras mundiais preveem cortar gastos em 30% neste ano. O documento destaca ainda que tanto as gigantes do setor quanto as companhias estatais estão negociando descontos de 10% a 30% em contratos com prestadores de serviço do setor.

Fonte: Valor Econômico/Rodrigo Polito | Do Rio – Portos e Navios

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