Responsável pela análise dos efeitos das mudanças climáticas no setor portuário brasileiro, tarefa realizada ao lado da pesquisadora Emília Arasaki, o professor Paolo Alfredini destaca que os impactos desse fenômeno já são percebidos nos portos. Mas os complexos têm apresentado uma postura “acomodada”,destaca.
Os efeitos das mudanças climáticas já são percebidos nos portos? Qual a urgência dessa questão?
Os efeitos já são claramente percebidos, pelo menos desde 2005, e continuam se intensificando, sendo que deveriam ser preocupação desde àquela época, tendo em vista a urgência que se constata a cada nova ressaca, chuva mais copiosa e maré mais alta.
Como os portos estão se preparando para este cenário? Algum já realiza ações concretas neste sentido?
Sobre os portos nacionais, comparativamente com os portos mais avançados no mundo quanto ao preparo sobre o aumento do nível do mar, desconheço qualquer ação mais concreta efetivamente. É uma postura muito pouco pró-ativa, até acomodada, como se tratasse de algo a se preocupar num futuro remoto.
Como o sr. avalia a situação do Porto de Santos neste caso?
Muito grave, pois os principais portos do mundo preparam-se desde a década de 1990 para esta realidade, estando já numa segunda geração de medidas para lidar com o aumento do nível do mar.
O projeto Brasil 2040 foi apresentado em 2015. Mas e depois, qual foi seu destino?Ele chegou a ser apresentado aos portos?
Sinceramente não tenho informações mais precisas, mas meu sentimento é o de que acabou se perdendo como preocupação de governo secundária, diante da violenta crise de direção pela qual o País passou nos anos 2015 e 2016.
Fonte: Portos e Navios