Indústria aponta sinais de retomada até o fim do ano

Estabilização da crise e início da recuperação são as apostas da indústria para o segundo semestre de 2016. Após registrar queda de 3% na produção em 2014 e 8,2% em 2015, nas comparações com os anos anteriores, o segmento começa a dar sinais de recuperação. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção avançou 0,1% em julho, na comparação com junho. Em seis dos sete meses do ano houve crescimento da produção na comparação com o mês anterior.

O cenário de recuperação é exemplificado por empresas como a Antilhas, fabricante de embalagens como sacos, envelopes, estojos e sacolas de presentes destinadas ao segmento varejista. Com o aprofundamento da crise econômica no segundo semestre de 2015 e o impacto negativo nas vendas do varejo, a fabricante sentiu a queda nas encomendas, um cenário que se prolongou pelo primeiro semestre de 2016. Bom termômetro do desempenho do varejo, a Antilhas identificou no primeiro semestre que, embora houvesse um fluxo razoável de pessoas nas lojas dos clientes, o ticket médio de vendas foi menor e, com isso, houve redução nas encomendas de sacolas.

Ao mesmo tempo, os clientes buscaram redução no custo das embalagens, com pedidos de sacolas menores ou adequação de formatos, acabamentos ou gramaturas para se adequar ao novo padrão de compra dos clientes. “O objetivo do cliente é deixar o custo da embalagem menor para seus lojistas ou franqueados. Com isso, no primeiro semestre de 2016, houve uma queda de 6% nas vendas da Antilhas para o varejo”, diz Claudia Sia, gerente de planejamento da empresa. A situação começou a mudar a partir de julho. Com distribuição para 75 clientes, responsáveis por quase 10,9 mil pontos de venda, a Antilhas começou a notar um reaquecimento dos pedidos, pautados nas perspectivas dos lojistas de um Natal melhor – em alguns casos, menos pior -, do que o de 2015.

Há recuperação de pedidos nos segmentos de cosméticos, chocolates finos e vestuário. Em levantamento feito no portal próprio de pedidos de embalagens, a Antilhas captou maior intenção de encomendas para o Natal. Uma mudança relevante é que, tradicionalmente, os pedidos de embalagens para o final de ano eram feitos entre julho e agosto. Em 2016, houve postergação de decisões dos clientes. “Muitas decisões ficaram para setembro. Temos que ter muita flexibilidade operacional para atender os pedidos, mas já percebemos uma melhora. A tendência continua por encomendas de embalagens atrativas, mas menos elaboradas, como forma de cortar custos”, diz Claudia, que projeta alta de 3% nas vendas para o varejo no segundo semestre.

Com duas unidades fabris em São José do Rio Preto (SP), a Truss também projeta um segundo semestre promissor. A despeito do cenário de crise econômica, a empresa, que produz e desenvolve linhas de produtos capilares para cabeleireiros profissionais, performou positivamente em 2014 e 2015, com crescimentos anuais de faturamento de 18%, atingindo R$ 70 milhões no último ano. Conforme a CEO Manuella Bossa, o encarecimento dos produtos de marcas concorrentes, notadamente multinacionais estrangeiras, abriu espaço para os itens da Truss nos salões.

“A Truss se segmentou no mercado elitizado de cosméticos profissionais. Com a crise e a valoração do dólar, as marcas estrangeiras ficaram muito caras e os salões procuraram alternativas com qualidade, cortando marcas do portfólio e priorizando aquelas com melhor custo-benefício. A empresa se sobressaiu nesse cenário, crescendo em um mercado onde éramos coadjuvantes”, diz.

Mesmo com a valorização do real, os mercados foram conquistados e os pedidos se avolumam para o segundo semestre – novembro e dezembro são tradicionalmente aquecidos para os salões de beleza por conta do 13º salário e das festas de final de ano. Além do fornecimento dos produtos para aplicação nesses estabelecimentos, a empresa fornece os itens, como xampus e condicionadores, para venda direta aos clientes dos salões, em kits ou combos. Hoje, essa linha de revenda é responsável por 55% do faturamento. A expectativa é elevar o faturamento em 15% em 2016 e as encomendas para o final do ano começam a ser entregues no início de outubro. Outra explicação para a projeção positiva é a ampliação dos produtos desenvolvidos, que elevaram o portfólio a 150 itens.

Fonte: Portos e Navios

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